quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A memória de voar

Voa, voa para bem longe, sem destino
Entregue-se a liberdade
Não temas!
Desencadeie seu interior
Liberte-se dos grilhões da mentira
Encontre-se consigo mesma
Refletindo-se no espelho das nuvens
Estas que revelam o que sempre fostes
O que sempre continuará sendo
Nuvens que pairam desde as brumas do passado
E atemporalmente no presente
Tocando o eterno
Revelando tua essência, tua sina
Nada pode prende-la
Nada pode conter o contentamento de tuas asas
Dúvidas?
Sem tal loucura não existiria a sabedoria
A sabedoria consiste em lembrar
E para lembrar necessita-se aprender,
Aprender novamente a se ouvir
E aprendemos somente voando,
Assim como as aves
Transcendendo o tempo e o espaço
Corra atrás dessas asas, agarre-as, e alcance os céus!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O manto escuro se desenrola


O teto mutante lentamente vai se apagando.
A noite chega...
O manto escuro se desenrola, e com ele seus vagalumes.
Observo os astros que pairam.
Deixo -me apagar, sendo iluminada pela escuridão.
Nada importa, tudo importa!
Quisera eu, poder desbravar, muito além destas estrelas.
Posso ouvir o som da noite, e seu leve suspirar.
Ela vêm, e leva das ruas as almas atormentadas durante o dia.
Abrindo espaço á quem sabe decifrar sua poesia.
Calma escuridão.

A Lucidez de Ophelia

Louca, louca Ophelia.
Voltada a sí mesma, mergulhando em pensamentos.
Fazendo da louca realidade um teatro.
E desse teatro, construindo sua verdade.
Bailando, bailando entre cômodos tristes.
Baila Ophelia! Esquece o silêncio da normalidade.
Paredes antigas, cobertas de insuportável bolor.
Conversando com todos, conversando com ninguém.
- Olhe ! lá vai Ophelia e seus fantasmas.
Com seus fantasmas pôs-se a passear.
Vagando em direção a solidão;
A solidão que não a deixava sozinha.
A solidão que não a chamara de louca.
A solidão que mostrava o rosto desses que partiram.
Dançando ao som de sua própria voz, o canto melancólico e ferido.
Murmurando seus anseios, entregando-se a cada nota.
Música que levou-a proxima de um salgueiro, que belo salgueiro !
Sentença de sua morte em contraste com as cristalinas águas.
E assim cumpriu-se o destino de Ophelia.
Pôs-se a subir e pindurar sua grinalda de folhas e flores;
Que preparavam-se para enfeitar o novo leito de paz .
Caíram assim como sua dama.
E a água lavou suas mágoas.
Suas notas foram as últimas.
Não lutou, não se debateu.
Alí estava tranquilo, o riacho á acolheu.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O Amor Transcendente

Sentindo algo nada sentido antes.
Habitava apenas o olhar de criança em relação a vida.
Sem conflitos, e sem dúvidas.
Dormia no interior do espírito.
Acordando no momento predestinado.
Sensação inexplicável em sua inocência.
Ainda inexplicável em sua consciência.
Saudade apertando fundo no peito.
Espaço escuro em seu interior.
Buscando, esperando, por essa luz.
Uma luz vinda não sabendo de onde, como, ou quando.
Mas sentindo o porquê.
Sabe que irá preencher esse vazio.
Sente que é real.
Não tem explicações exatas, respostas, que apenas seu ser, sabe e guarda.
Mesmo possuindo tais respostas.
A sensação é tão intensa, que rouba-lhe suspiros.
Rouba até mesmo a crença de que seja real.
Faz passar por mentirosa, perante a sí mesma.
Zomba-a, dizendo ser ''amor platônico''! Chama-a de louca!
- Se loucura é, abençoada seja esta loucura!
Como em toda mentira, a verdade sempre se revela, com intensidade!
A verdade de que seu espírito não mente.
Não poderia nunca enganar a sí mesma.
Vontade de sentir-se completa.
Se não for aqui, e agora, sabe que em algum lugar o encontrará.
E já estão juntos!
Continuará sentindo, desejando, e esperando.
A outra parte, sua outra parte, pela eternidade.

Desmascarando o Tempo

Tempo, maldito guardião de momentos!
Congelou-os em algum lugar intocável dando a chance de ter apenas lembranças.
Momentos que ficaram guardados onde deseja-se voltar e outros envoltos pela dor.
Podendo resgatá-los fechando os olhos reconstruindo em mente cada detalhe vivido.
Tempo maldito, que corre!
Tempo...tempo...tempo...
Arrasta tudo em suas ondas imprevisíveis em direção ao abismo.