sábado, 15 de dezembro de 2012

Do campo nasce a esperança Pt. I

Do campo sempre nasce a esperança!

Em uma bela noite fria e enluarada, a maior de todas as estrelas anuncia o nascimento de duas crianças. Em um vilarejo distante e oculto do mundo moderno, inalcançável por pessoas pequenas de espírito. Em uma casa simples feita de madeira, Arya nasceu. Próximo ao seu lar, uma mulher dá a luz a um saudável menino, sendo chamado de Ares.
Estas crianças iluminadas e marcadas pela eterna pureza da luz de Venus ainda não sabem, mas a sua presença carrega a esperança. Carregam dentro de si a liberdade! 
Arya desde pequena é uma menina exemplar, procura aprender com sua mãe uma sábia mulher, minuciosamente todos os seus afazeres. Levanta quando o galo canta e os raios do sol começam a aparecer para lhe desejar um bom dia. Ela e seus pais logo se dirigem até o cume da montanha que rodeia o vilarejo e estendem os seus braços para saudar o Sol. Acreditam que por trás deste, existe o símbolo, que a luz sempre retorna a iluminar a escuridão. 
Juntos, são acompanhados por todos os moradores de sua vizinhança. A montanha transborda de braços diariamente, e vista de longe até parece uma enorme flor que desabrocha na primavera. 
Todos entoam cantigas que foram passadas de avós para pais e de pais para filhos. Cantigas que são lembradas pelo vento que assovia sabendo o significado, e pelo horizonte tomado pelas águas, estas que batem nas pedras seguindo a canção:

''Saudemos a luz e o símbolo de nossos ancestrais
Que alimenta nossos espíritos para o nascer de um novo dia
Saudemos a luz, assim como nossas mulheres que dão a luz de nossa união
Saudemos, assim como nossos homens que se embrenham nas florestas e retornam com o nosso sustento
Saudemos assim como nossas crianças que dão a continuidade de nosso sangue e nossa luta!'' 

Tendo feito a saudação, todos se entreolham com um leve sorriso na face. Inclusive Arya e Ares. Seus olhos sempre se cruzam, assim como a estrela cadente cruza os céus. Pois toda a vez é como se fosse a primeira, é como se fosse algo raro e que talvez nunca mais pudesse ocorrer. Aumentando a forte inocência neste olhar, e de que quando forem feitos homem e mulher, mais uma união sagrada será celebrada por todos.

Nesta terra todos possuem os seus deveres. Meninas aprendem a cuidar da terra e do lar junto de suas mães. Meninos aprendem logo cedo a caçar com seus pais. Meninas e meninos aprendem com seus pais a Arte da Guerra. Após seus deveres diários, sempre reservam um tempo para treinar. E sempre reservam um tempo para se divertirem. 
As florestas, as montanhas, os lagos, os campos e as beiradas do mar...são sempre visitados por seus habitantes. E as visitas são sempre vistas como uma festividade...

Este povo enxerga a beleza e um motivo para festejar em tudo. Em um novo nascimento, em uma boa colheita e caça, em um novo dia ou uma bela noite, em um casamento e até mesmo na morte. Pois, ''a morte não existe, viver pela eternidade sim''.

E mais um dia se desenrola na Terra de Imperium...

Arya terminou seus afazeres e treinou arte da luta com sua mãe, usando uma lança feita para o seu tamanho. Logo pôs se a passear entre as árvores, respirava fundo sentindo o ar puro e o perfume que a floresta exalava. Se sentou em uma pedra e começou a desenhar no chão com um galho recolhido no meio do caminho. Não demorou muito para muitos passarinhos curiosos pousarem ao seu redor. E começavam a cantarolar e esta começava a cantar junto, aprendeu a língua dos pássaros. Conversava com eles ''- Gostaria muito de ter asas como vocês e voar sobre a imensidão deste céu azul e enxergar do alto os habitantes do fundo deste nosso mar com águas cristalinas. Queria muito poder alcançar o topo das árvores e de lá olhar o pôr do sol, ou me sentir um pouco mais próxima das estrelas. Mas sinto-me grata pela amizade fiel e ensinamento que me passaram. Só de observar-los, meu olhar é capaz de enxergar muito além do que posso simplesmente ver ou tocar. Meu espírito é capaz de voar sem sair do lugar. Vocês são lindos, e cantam muito bem.''. Pôs-se a rir ao ver dois pássaros que brincavam de se alcançar em pleno vôo.

Ares terminou seus afazeres e treinou com seu pai, auto-defesa e ataque com uma espada forjada para o seu tamanho. Logo pôs se a passear entre as árvores, respirava fundo sentindo o ar puro e o perfume que a floresta exalava. Logo encontrou algumas pedras e verificou se estavam soltas. Pegou da visualmente mais leve e até a mais pesada e atirou todas o mais longe que podia. Logo cedo estava testando a sua força. Não demorou muito para que alguns lobos curiosos se aproximassem dele. Ele não teve medo, pois aprendeu a língua dos lobos, e a se aproximar deles junto com seu pai, um ótimo desbravador da floresta. Conversava com eles ''- Como gostaria de poder correr desenfreadamente e com tanta precisão como vocês. Me ensinaram a lição de ser destemido e atacar na hora certa. Me ensinaram que a sabedoria vêm através da solidão, quando se distanciam da matilha para conhecerem os seus próprios limites, e os desafios que a vida pode apresentar. E sendo fiéis, sempre retornam ao seu bando, e transmitem tudo o que aprenderam em sua jornada solitária. Sinto-me grato por terem partilhado a sabedoria silenciosa que carregam. Meu espírito pode assim estar só, mas nunca se sentir só. Pois como vocês, lobos fiéis, eu poderia uivar de longe e todos os que julgo serem de minha matilha, escutarem meu chamado e eu igualmente senti-los ao longe''. Pôs-se a rir ao ver dois lobos que grunhiam um para o outro por causa de uma lebre morta ao chão.

Arya e Ares puseram-se a caminhar novamente. Quando Ares percebeu a presença daquele olhar que caminhava em sua direção, mas sem ter notado sua presença. Este resolveu pregar-lhe uma brincadeira, se escondeu atrás de uma grande árvore. E ficou a observar Arya, enquanto esta caminhava murmurando uma canção:
''Eu era uma pequena e agora estou maior...mas continuo a mesma...porque meu espírito não muda...adoro andar, cantarolar e girar do mesmo jeito...girar...girar...''
Com essa canção simples que ela mesma tinha inventado, começou a girar como dizia a canção. De braços abertos no meio de árvores que abriam um espaço para o céu ser avistado. E girando, olhando para cima, as pontas das copas das árvores igualmente giravam, parecendo uma enorme guirlanda sobre sua cabeça, até que então esta caiu ao chão. Deitada, começou a refletir se continuaria mesmo assim para sempre. A fazer isso, uma das coisas que mais gostava.
Ares ainda escondido e observando a tudo, pensava em dar um susto nela. Mas algo o impediu...
Começou a vê-la com outros olhos e este pensou: ''- Começo a me transformar em um homem? Pois em meu peito algo acelera e falta-me voz para gritar e assustá-la, e a vejo, e acho tudo nela muito bonito e encantador...na verdade, creio que desde a primeira vez que a vi, mas não desta forma...que sensação nova''
Arya ouviu um barulho de galho quebrando, era Ares escondido atrás da árvore, mas este não saiu de trás e continuou em silêncio. Esta logo se levantou e saiu correndo sem ainda ter notado sua presença; e correu, pois logo começaria a escurecer e não gostaria de cruzar com uma enorme mãe ursa, sempre pronta para defender os filhotes. 

O manto noturno começa a se desenrolar e a abóbada celeste se enche de estrelas. Arya prepara-se para dormir, mas o sono traiçoeiro não vem. Pensativa, senta-se em um alto banco próximo a janela. Com sua face encostada na madeira da janela, põem-se a contemplar o noturno céu. Ouve o uivo dos lobos ao longe e um arrepio toma-lhe o corpo e sente uma ansiedade subir e descer por sua garganta, como se uma mensagem, uma sensação inexplicável fosse decifrada em seu interior, não tendo palavras para expressar. 

No mesmo momento, Ares estava deitado na grama de um campo aberto contemplando o céu e pensando em sua amada. Dividindo este segredo somente com a noite e as estrelas. Um pássaro sobrevoa sua cabeça, pousa em sua barriga, canta e parte. 

Na manhã seguinte, a jovem estava á colher na extensa horta. Ao longe, Ares montado em seu cavalo, a observava. 

Em um belo fim de tarde, Arya decide cavalgar no campo. Ela corre com seu cavalo, como se ele lhe emprestasse asas. Pensou,‘’o vento que corta minha face é o mesmo vento que sopra as nuvens’’. Cavalgou o mais longe que pôde, o limite era o mar. Desceu do cavalo e com seus pés descalços começou a deixar seus rastros na areia. Chegou próximo a uma imensa pedra, conseguiu prender as rédeas do cavalo e na pedra subiu. Sentou-se e contemplou o horizonte, enquanto seus pensamentos eram embalados ao som das ondas que vinham e se quebravam.
Começou a sentir um vazio, uma saudade - ‘’ - mas de quem?’’- pensava. 
E logo veio em sua mente o rosto de Ares...
‘’- Sim! Ele tem o brilho no olhar. Estou virando uma mulher?! Até então me enamorar de alguém nunca tinha passado em minha cabeça!’’, exclamou em voz alta.
Ficou a pensar durante um tempo, tomou seu cavalo e seguiu em direção ao seu lar.
Atravessando o campo...
A lua já iluminava a relva, decide parar e sentar para observar as borboletas noturnas. Era um espetáculo, podendo ser presenciado somente em sua região. O único lugar de todos os lugares, onde incontáveis borboletas com asas reluzentes cor de prata voavam. Parecendo nuvens carregadas de chuva, que desenhavam diversas formas no ar. Era possível enxergar águias, ursos, pássaros, montanhas...tudo o que sua visão pudesse imaginar.
Começa a ouvir barulhos de galopes e nota uma enorme sombra no chão que logo se aproximou. Olhou contra a luz do luar que iluminou um rapaz em seu cavalo...era Ares! E este logo lhe disse:
‘’- Boa noite estimada Arya! É uma cena realmente fascinante. Também gosto de ter como companhia momentos como esse, além de pôr-me a conversar com meus pensamentos’’
Seu rosto logo corou, lembrou do que veio a pensar enquanto estava de frente para o mar. E ao mesmo tempo, quase não acreditando na presença deste rapaz. Segurou o suspiro que iria dar e teve ar para respondê-lo:
‘’- Sim querido Ares, sim. Olhe como elas pousam nos trigos, parecem transformá-los em flores brilhantes! E logo o vento as tiram para dançar’’.
E Ares responde: ‘’- Dançar! Conceda-me uma dança?’’
De um salto, Arya pôs-se de pé e deu um sorriso. O rapaz se aproximou, pegou em suas mãos, e começaram a dançar, rodando levemente, como se quisessem acompanhar a brisa do vento. Como se quisessem flutuar como as borboletas. 
Nesse momento, nem a luz do luar poderia se igualar ao brilho, o brilho que mais uma vez nascia desses olhares. A noite pareceu parar só para testemunhar o som da música silenciosa que os envolvia. A música eterna, composta somente para os que conseguem escutar. Composta pelo som dos trigos quando se esbarram por causa do vento, das folhas das árvores e galhos que se abraçam enquanto balançam de um lado para o outro, da maré ao longe guiada pela lua e ouve-se até mesmo o som de uma enorme cachoeira que ressoa através dos ecos, a voz das montanhas.

Não se deram conta devido ao êxtase do momento. Mas todos os animais da floresta começaram a se manifestar, emitindo seus sons e se desembrenhando da floresta. Ficaram entre a sombra e a luz da lua...na beirada das árvores. E no mar, todos os seres viventes vieram próximo a costa.


Continuação... 

Por Edelweiss

Lebensessenz - Un Amour Irréalisable - Pt. I & II


terça-feira, 5 de junho de 2012

Dor. A leal confidente.

Ah! Dor que acompanha-me e nutre-me
Aonde esteves? Para onde vais quando por alguns momentos deixa-me?
Até saudades de ti eu sinto quando partes
És profunda... Verdadeira... Bela e Trágica
Sinto-me como se estivesse no profundo do mar
E tento a superfície alcançar
Clamar de nada adiantaria pois ninguém escutaria
Já exausta, entrego-me aos segundos onde posso observar tua exótica beleza
Até que tudo começa a tornar-se escuro
Momentos estes enquanto o ar em meus pulmões ainda reinam
Momentos que não são em vão pois em teus braços encontro consolo e me elevo!
Pois sem ti em minha vida eu não teria descoberto o quão forte sou capaz
O quanto pude e posso tolerar
Entre quedas e vôos me forjei e não hei de reclamar pois nunca desisto
De o céu ou inferno alcançar
Não te esqueço e mesmo que pudesse não te anularias
Contigo lições aprendi, contigo tudo tornou-se mais sensível e belo ante meus olhos
A simplicidade com que exalas, trouxe-me consolo mesmo enquanto cá adentro reinou e reinas
Não sempre... e tão logo chegas a meu ser, ao meu ser ou não ser
Tu me entendes e tornastes minha leal confidente
Quando lágrimas de meus olhos jorraram e do mundo as mantive ocultas
Quando de meus lábios um grito ecoa, até mesmo quando surge entre singelos suspiros
Pois se o verdadeiro grito que internamente martiriza-me eu soltasse
Ah! Este ao mundo ensurdeceria e aos tímpanos estouraria!
Quem sabe bem e mais conhece sobre meus lamentos? É tu. Oh Sacra Dor!

Através de ti aprendi a sentir-me como um poema...
Como um raro livro ainda a ser descoberto e lido
A sentir-me como os dóceis e selvagens filósofos
Quão nobres espíritos! Sacrificados e ressuscitados por ti!
Grandiosos... tal grandeza surge e flui de ti minha tão estimada
Pois quando inspirada te pões, torturas dias e noites sem cessar
Só os fortes sobrevivem e de ti frutos colhem
Os que de tua virtude não possuem paciência para colher
Estes que preferem verem-na tal qual fruto verde...
Uma corda no pescoço logo envolvem

De minha essência já fazes parte
Jamais poderei e hei de negá-la
Vergonhoso me seria e desonroso também
Pois em teu lugar a mentira reinaria
E esta... Ah! A esta, não eu não lhe quero bem

Malfeitores me seriam, aqueles quais, raros não são de se encontrar
Pela desgraça! Dão mais do que chuchu na cerca: assim diria minha avó
Estes que vivem com sorrisos melosos e se portam bizarramente efusivos
Estes... reflito que, a primeira desgraça que em seus caminhos cruzassem
Logo os pulsos cortariam. Tão rastejantes, verminosos e nada sãos!
Os primeiros a entoarem a efusiva alegria
Para os que a ti, minha estimada dor... contemplam e compreendem

Com uma bronca a estes eu espantaria:

- Fique tu com tua ''alegria''. Esta que quando lapidada ao invés da beleza, a verdade sobre o mundo mostraria. Deixai-me, deixai-me em paz com meus verdadeiros lamúrios e fique tu com tua enojada e persuasiva cegueira. Vá, parta! Saia de perto, antes que o vírus de minha dor, pegues também... E não serias tão nobre para suportá-la.

A alegria demasiada chega-me ao estômago embrulhar e no rebanho quase afoga-me.
Feito loba solitária uivando e cantarolando minhas dores para a lua hei de sempre estar...

domingo, 4 de março de 2012

Everyday is like sunday

Todo Dia Parece Domingo

Arrastando-se devagar sobre a areia molhada
De volta ao banco
Onde suas roupas foram roubadas
Esta é a cidade costeira
Que esqueceram de interditar
Armagedon - venha, Armagedon!
Venha, Armagedon! venha!

Todo dia é como domingo
Todo dia é silencioso e cinza

Esconder-se no calçadão
Rabiscar em um cartão-postal
"Como eu adoraria não estar aqui"
Nesta cidade litorânea
...que esqueceram de bombardear
Venha! venha! venha - bomba nuclear!

Todo dia é como domingo
Todo dia é silencioso e cinza

Arrastando-se de volta sobre seixos e areia
E uma poeira estranha pousa sobre suas mãos
(E sobre seu rosto
Sobre seu rosto...
Sobre seu rosto...
Sobre sue rosto...)

Todo dia é como domingo
"Concorra e ganhe uma bandeja barata"
Divida um pouco de chá engordurado comigo
Todo dia é silencioso e cinza

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Meu ''mundo'' anti-mundo.

Meus devaneios seriam realmente devaneios? 
Ou seriam anseios poéticos de uma realidade que é anti-realidade?
Este meu espírito de poetisa embora visto por muitos
Como se estivesse envolto em uma camisa de força...
Estes que muito vêem logo os cubro com Napalm e Gasolina gélida
Pois a faísca ao blasfemar contra os que ainda cultivam pureza interior
Acaba por terminar o serviço e assim provam do próprio mecanismo
Anti-espírito poético que criaram

Este meu espírito de poetisa
Prepara a própria cova de meu corpo e adianta com alegria sua putrefação
Brindando em meu crânio preenchido com um néctar Dionisíaco
E saudando, Longa vida a Morte!
Junto aos vermes que já se deleitam no banquete de carnificina-cárcere
Pois não quero mais a prisão
E este meu espírito não é um manicômio bando de malfeitores
Utilizam a cobra que está presa em suas bocas também para defecar?
Os que muito defecam são geralmente os verdadeiros insanos

Eu busco me ver livre e caminhando por entre reinos metafísicos de minha memória
Isso é meu Consolamentum
Desde pequena idealizo muito! O meu belo mundo anti-mundo
Os raios e trovões de minha mente não são apenas desejos apocalípticos
São também a ursa caçadora de sensações que me levam para longe deste mundo apático
Neste mundo sempre me senti deslocada 
Não me encontro em nada do que aqui se faz presente

Desnudei-me como estando em uma peça de teatro
Pela primeira vez eu sorri e dei risada de verdade
Uma sensação de prazer que serviu como um óleo na ferrugem de meus lábios
Ri de toda face horrorizada da matéria pútrida 
Ri até mesmo de minha própria pseudo-morte
Deve ser a questão da causa e efeito
Algo adormecido e semi ocultado sem a sua autorização quando desperta tende a explodir
E mais uma vez o feitiço universal se vira contra o próprio feiticeiro
E isso não é um motivo para cair em gargalhadas eternas?
Gargalhadas essencialmente venusianas