terça-feira, 5 de junho de 2012

Dor. A leal confidente.

Ah! Dor que acompanha-me e nutre-me
Aonde esteves? Para onde vais quando por alguns momentos deixa-me?
Até saudades de ti eu sinto quando partes
És profunda... Verdadeira... Bela e Trágica
Sinto-me como se estivesse no profundo do mar
E tento a superfície alcançar
Clamar de nada adiantaria pois ninguém escutaria
Já exausta, entrego-me aos segundos onde posso observar tua exótica beleza
Até que tudo começa a tornar-se escuro
Momentos estes enquanto o ar em meus pulmões ainda reinam
Momentos que não são em vão pois em teus braços encontro consolo e me elevo!
Pois sem ti em minha vida eu não teria descoberto o quão forte sou capaz
O quanto pude e posso tolerar
Entre quedas e vôos me forjei e não hei de reclamar pois nunca desisto
De o céu ou inferno alcançar
Não te esqueço e mesmo que pudesse não te anularias
Contigo lições aprendi, contigo tudo tornou-se mais sensível e belo ante meus olhos
A simplicidade com que exalas, trouxe-me consolo mesmo enquanto cá adentro reinou e reinas
Não sempre... e tão logo chegas a meu ser, ao meu ser ou não ser
Tu me entendes e tornastes minha leal confidente
Quando lágrimas de meus olhos jorraram e do mundo as mantive ocultas
Quando de meus lábios um grito ecoa, até mesmo quando surge entre singelos suspiros
Pois se o verdadeiro grito que internamente martiriza-me eu soltasse
Ah! Este ao mundo ensurdeceria e aos tímpanos estouraria!
Quem sabe bem e mais conhece sobre meus lamentos? É tu. Oh Sacra Dor!

Através de ti aprendi a sentir-me como um poema...
Como um raro livro ainda a ser descoberto e lido
A sentir-me como os dóceis e selvagens filósofos
Quão nobres espíritos! Sacrificados e ressuscitados por ti!
Grandiosos... tal grandeza surge e flui de ti minha tão estimada
Pois quando inspirada te pões, torturas dias e noites sem cessar
Só os fortes sobrevivem e de ti frutos colhem
Os que de tua virtude não possuem paciência para colher
Estes que preferem verem-na tal qual fruto verde...
Uma corda no pescoço logo envolvem

De minha essência já fazes parte
Jamais poderei e hei de negá-la
Vergonhoso me seria e desonroso também
Pois em teu lugar a mentira reinaria
E esta... Ah! A esta, não eu não lhe quero bem

Malfeitores me seriam, aqueles quais, raros não são de se encontrar
Pela desgraça! Dão mais do que chuchu na cerca: assim diria minha avó
Estes que vivem com sorrisos melosos e se portam bizarramente efusivos
Estes... reflito que, a primeira desgraça que em seus caminhos cruzassem
Logo os pulsos cortariam. Tão rastejantes, verminosos e nada sãos!
Os primeiros a entoarem a efusiva alegria
Para os que a ti, minha estimada dor... contemplam e compreendem

Com uma bronca a estes eu espantaria:

- Fique tu com tua ''alegria''. Esta que quando lapidada ao invés da beleza, a verdade sobre o mundo mostraria. Deixai-me, deixai-me em paz com meus verdadeiros lamúrios e fique tu com tua enojada e persuasiva cegueira. Vá, parta! Saia de perto, antes que o vírus de minha dor, pegues também... E não serias tão nobre para suportá-la.

A alegria demasiada chega-me ao estômago embrulhar e no rebanho quase afoga-me.
Feito loba solitária uivando e cantarolando minhas dores para a lua hei de sempre estar...

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